A saúde dos nossos cães é muito importante, por isso doenças como a leishmaniose estão no radar de todos os amantes de cães. Esta preocupação gera uma série de mitos sobre a leishmaniose canina que precisam de ser esclarecidos para que mais tutores tenham acesso à informação correta, contribuindo assim para a prevenção da doença e para a redução de novos casos.
Antes de dissecar e esclarecer os principais mitos sobre a doença, é importante entender o que é a leishmaniose e como ela é transmitida nas diferentes épocas do ano.
O que é a leishmaniose e como é transmitida ao longo do ano?
A leishmaniose é uma doença parasitária séria que pode afetar gravemente a saúde dos nossos animais. Com as mudanças climáticas, caracterizadas por invernos mais suaves e verões prolongados, os flebótomos – vetores responsáveis pela transmissão do parasita Leishmania infantum – estão ativos durante períodos mais longos do que o habitual. Embora se esperasse que a sua presença fosse mais concentrada entre abril e setembro, as condições atuais favorecem a sua persistência ao longo de todo o ano.
A prevenção desta doença é fundamental, não apenas pelo impacto na saúde dos animais, mas também pelo seu caráter zoonótico, uma vez que pode afetar igualmente as pessoas. As consultas regulares com um médico veterinário são essenciais!
Desmascarando os mitos sobre a leishmaniose
É provável que já tenha ouvido falar de alguns dos mitos abaixo enumerados. Vamos falar de cada um deles:
"A vacina protege a 100%."
Embora a vacinação seja uma ferramenta importante na prevenção da leishmaniose, e de outras doenças, nenhuma vacina oferece proteção total. Estudos demonstram que vacinas reduzem significativamente o risco de desenvolvimento da doença e a gravidade dos sinais clínicos, mas não garantem imunidade completa.
Portanto, é essencial combinar a vacinação com outras medidas preventivas, como o uso de antiparasitários externos com ação repelente e evitar passeios durante os períodos de maior atividade dos flebótomos.
"Se o meu cão não tem sintomas, não está infetado."
Muitos cães infetados com Leishmania spp. podem permanecer assintomáticos durante longos períodos. A ausência de sinais clínicos não significa necessariamente que o cão esteja livre da infeção. Os cães com uma resposta imunitária eficaz conseguem controlar a infeção sem manifestar sintomas graves. Isso acontece porque o sistema imunitário ativa células de defesa que limitam a multiplicação do parasita. No entanto, mesmo sem sinais evidentes, esses cães podem ser portadores da infeção e, caso o seu sistema imunitário enfraqueça, podem acabar por desenvolver a doença.
O diagnóstico precoce, através de exames veterinários regulares, é fundamental para identificar e monitorizar cães infetados, permitindo intervenções atempadas que podem melhorar o prognóstico.
"Se proteger o meu cão no verão, ele está seguro."
Tal como referido anteriormente, embora a atividade dos flebótomos seja mais intensa nos meses quentes (entre abril e setembro), especialmente entre o entardecer e o amanhecer, estes insetos podem estar ativos durante outras épocas do ano, especialmente em regiões com climas amenos, como é o caso de Portugal. Assim, o risco de infeção existe durante quase todo o ano nas zonas endémicas.
É aconselhável manter medidas preventivas contínuas, independentemente da estação, para assegurar a proteção eficaz do seu cão. Vacine o seu cão, aplique antiparasitários externos com ação repelente e evite passeios nas horas mais críticas. Consulte o seu médico veterinário.
Conclusão sobre a leishmaniose e os mitos em torno da leishmaniose
A leishmaniose canina é uma doença complexa que requer uma abordagem preventiva multifacetada. Desmistificar conceitos erróneos é crucial para a proteção eficaz dos nossos animais de estimação. Combinar a vacinação com outras medidas preventivas adequadas contra as picadas dos flebótomos, realizar check-ups veterinários regulares e manter-se informado são passos essenciais para garantir a saúde e o bem-estar do seu cão.
Consulte sempre o seu médico veterinário para obter orientações adaptadas às necessidades específicas do seu animal.
Ana Sofia Carvalho | @anasofia_vet
Veterinaria